A VIDA DE NUNCA MAIS
Odir, de passagem
A escuridão dá tréguas aos coriscos,
que riscam riscos de luz.
O barulho é bem maior
que os estrondos eternos
nos horrorosos quintos
das fontes de fogo dos infernos!
A morte brinca de esconde-esconde.
Os rios levam levas de vidas
às letais latências dos leviatãns!
Os gritos gritam à toa.
Os ouvidos, fadados a ouvi-los,
engolfam-se nos escombros,
locupletam-se de lamaçais,
junto aos olhos de não ver
a vida de nunca mais!
Braços se estendem para os vazios,
buscando os braços dos rios,
braços tentando alcançar!
Crianças ( por quê crianças?!)
bradam, gritam, choram e calam.
Pais e mães que nada falam
nem aos filhos dão conforto.
O que pode fazer,
pela criança que morre,
quem está morto?
JPessoa, 23.01.2011