O sepulcro da donzela
O íntimo de meu ser agora carrega
Lembranças da alegria esquecida
Meu peito a essa dor então se entrega
Por ela a quem dediquei minha vida
Por ela que foi a dona do meu amor
Mas não quis cuidar do meu coração
Que a ela entreguei sem temor.
Preferiu ter uma vida de perdição.
Espalho minhas dores ao vento
A lembrança do passado me alucina
Tento em vão esquecer o momento
Em que por amor, cometi uma chacina.
A loucura em mim faz morada
E no campo dos mortos fico a esperar
Espero da noite até a alvorada
Espero por ela que um dia irá voltar.
Aguardei toda a noite, mas não tive sorte.
Preciso revê-la, esperarei por toda a vida.
É possível o amor conviver com a morte?
Eros e Tânatos, respondam minha dúvida!
A madrugada se vai, ao dia dá seu lugar
A noite aqui passei, ela não apareceu.
O que houve, onde a vou encontrar?
Será que um dia findará o sofrimento meu?
Arrependo-me do crime cometido.
Peço aos céus perdão, clamo piedade.
Os céus se fecham ao meu pedido
– Meu Deus, já não basta esta saudade?
Próximo ao túmulo dou voz à razão
À sombra deste sepulcro dorme aquela
Que a outro prometeu seu coração
Aqui descansa minha tão amada donzela.