AR

Ha! Meu leve e puro ar,

Que ao se transformar,

Neste meu imo de vida,

Absorvo-o vivo tão forte,

E me livras dessa morte...

A morte que eu não respiro,

Qual nesse pesadelo deliro,

E que em nós causa ferida.

Como te pegar ou guardar,

Neste seu invisível habitar?

E no orbe dos idos tempos,

O mais rico dos alimentos,

Não tens a tributa merecida.

Fazer todo o ser sobreviver,

Ser tão vital, sem aparecer.

Meu ar livre que consumo,

Dos pulmões é meu sumo,

E pro coração se faz batida.

Que preço a ti devo pagar,

Sem ao teu sumiço levar?

Minha dívida é em lamento,

Que não alcanço no tempo,

Nesta forma tão agredida...

Avisas-me com o vento só,

Que não há piedade nem dó...

E quando você não mais existir,

No que faz morada neste ir e vir,

Triste, farei a nossa despedida.

O seu último suspiro aspirarei,

E depois, nunca mais voltarei.

Setedados
Enviado por Setedados em 21/01/2011
Reeditado em 10/03/2011
Código do texto: T2743170
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