AR
Ha! Meu leve e puro ar,
Que ao se transformar,
Neste meu imo de vida,
Absorvo-o vivo tão forte,
E me livras dessa morte...
A morte que eu não respiro,
Qual nesse pesadelo deliro,
E que em nós causa ferida.
Como te pegar ou guardar,
Neste seu invisível habitar?
E no orbe dos idos tempos,
O mais rico dos alimentos,
Não tens a tributa merecida.
Fazer todo o ser sobreviver,
Ser tão vital, sem aparecer.
Meu ar livre que consumo,
Dos pulmões é meu sumo,
E pro coração se faz batida.
Que preço a ti devo pagar,
Sem ao teu sumiço levar?
Minha dívida é em lamento,
Que não alcanço no tempo,
Nesta forma tão agredida...
Avisas-me com o vento só,
Que não há piedade nem dó...
E quando você não mais existir,
No que faz morada neste ir e vir,
Triste, farei a nossa despedida.
O seu último suspiro aspirarei,
E depois, nunca mais voltarei.