CANTIGAS
Correu, correu tanto...
Correu por infinitos caminhos,
Viveu mil vidas sem que nenhuma fosse a sua.
Conheceu mundos distantes,
Buscou sempre o que estava além,
Desejou sempre o que era indesejável.
Juntou várias migalhas que encontrou pela frente
E transformou tudo em um sonho,
Deixou de viver sua vida quando ainda não tinha vida.
Sua felicidade está no olhar de uma criança,
Mas ele mesmo nunca foi feliz,
E talvez nunca o será.
Sempre esteve tão longe,
Nunca esteve por perto quando precisavam dele,
Sempre esteve tão sozinho dentro de si.
Sentia pena de si mesmo,
O sentimento despresível, por ele era tão amado.
A dor que a todos consumia, por ele era tão desejada.
Ao mesmo tempo sua dor era ímpar, única, insentida.
E como a mesma paixão que se entregava para a morte,
Lutava para que dentro de si existisse um único sopro de vida.
Vida além da vida, morte além da morte...
Quem dentre vós poderá dizer
Que aquele homem que está vivo não carrega no peito a morte?
Ele queria apenas o que não tinha,
E quando o possuia já não sabia (ou sempre sabia)
Que aquilo não era o que realmente estava procurando.
Correu, correu tanto...
Esteve sempre a procura dela,
Mas quando a encontrou ela não estava lá.
Correu, correu tanto...
Sempre esteve a lhe procurar,
Mas ela sempre esteve a fugir dele...
Alguém sempre precisará partir,
Quando alguém estiver para chegar.
A vida é uma grande ciranda.
E sempre haverá um elo entre o desencontro e o reencontro...