O PROTESTO DE UMA MÃE
Posto aqui, com muito orgulho o trabalho que recebi para publicação no Caderno do Sarau Literário Piracicabano que vai acontecer no dia 15 de Fevereiro (Piracicaba), e, que por ver um texto-poético de palavras fortes, marcantes e de uma beleza incomparável permito entregá-lo para a leitura dos meus queridos Recantistas.
Ele me veio em uma hora que a minha Piracicaba sofre pelas inundações e que a tragédia é muito maior e muito dolorida na população do Rio de Janeiro, São paulo e Minas Gerais:
O PROTESTO DE UMA MÃE
Marcio JR
Cá está meu grito,
Que de tempos apito,
Triplico em tom,
E aos quatro ventos repito.
Sou solitário, voz rouca na multidão,
Que entre os abutres da carne farta,
Suplica pelo bem da vivência:
“Abra os olhos, veja a tua volta, solta o peito.
E do alto da tua incumbência, te atina,
Que sofrer, para esse povo, é a sina,
E que do guerreiro, a alma já está ferida.”
Meu grito, outrora vazio,
Ganhou ardência,
E na dormência do ser racional,
Ficou até imoral.
Te atenta, então, para a saliência,
Aquela que se forma na boca da noite,
E desce sem relutar, em tórridas lâminas de lama,
Carregando a encosta abaixo,
E engolindo tua própria prole.
Vês, agora?
Consegues enxergar tua culpa?
Resoluta e incrustada de maledicentes dissabores?
Ah! Mas esses dissabores não são em tua boca que ardem!
Mas lembra bem!
Teus próximos estão alí, a mercê do que está por vir.
E hoje, não é só minha voz, pequenina e abafada, quem grita.
Reflita, te rogo, pensa por um instante,
Leva contigo esse meu conselho em vertente:
“Tens o poder nas mãos, tens a autoridade,
Tens o dinheiro, tens os instrumentos.
Portanto, tens a obrigação de fazer algo.
Ou melhor, tens a obrigação de fazer tudo.”
Paraste, por um mínimo instante,
Para perguntar quem se juntou a mim neste grito de protesto?
Pois eu digo:
Quem grita, agora, é a MÃE NATUREZA,
E quando ela berra, é porque algo está muito errado.
As linhas acima, são meu protesto, diretamente aos homens públicos desse imenso Brasil. Tragédias são anunciadas com anos de antecedência, mas nada é feito. Ocupações desordenadas, desrespeito aos meios naturais, e o pior, a leviandade com que tudo é tratado por parte das autoridades.
Marcio JR (Curitiba)