O CANTO DAS CIGARRAS

Depois das chuvas, estio,

cantam "alegres" as cigarras,

olho lá fora um vazio,

a luz do dia sem garras.

Talvez voltem as águas

sem remorso sobre a terra,

como criando as mágoas

que deixou sobejar a guerra.

A natureza chora

do céu desaba em lágrimas

e o poeta sem demora

vai preenchendo páginas.

E tudo parece bem lá fora

com o canto das cigarras

como uma oração sonora,

á capela, sem guitarras.

Os charcos das raizes,

o cheiro da umidade

deixando cicatrizes

e nenhuma saudade.

As cigarras nas copas,

nas árvores, nos cimos;

sentimentos de derrotas

fazem calar os sinos.

E os homens sem vozes,

o nó na garganta,

amados, levados, ferozes,

porque não adianta.

Não adianta as cigarras,

não vão cantar e sim chorar,

tampam os rostos nas barras,

a propósito: As águas vão rolar!

(YEHORAM)

YEHORAM BARUCH HABIBI
Enviado por YEHORAM BARUCH HABIBI em 16/01/2011
Código do texto: T2732667
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