SOBREVIVENTE
Escrevo para o vento
que leva as palavras
aos trechos dos caminhos
que comungam nichos,
ninhos, jardins.
Escrevo
para o tempo
que se une uma única vez
à minha voz em volta do
coração e destrói a ampulheta
Escrevo para o céu,
a água, para o sol
e o sal
condensados nos olhos,
nascidos apócrifos
na perplexidade de sentir-me
dispenseira da alegria
quando menos nela acredito.
E o que escreve é somente
um sobrevivente do pensamento
nessa página em branco da vida.
O que nunca foi
nem vento, nem tempo.
(Direitos autorais reservados).
foto: yun6252 www.yunphoto.net.pt/