SOBREVIVENTE


 
Escrevo para o vento
que leva as palavras
aos trechos dos caminhos
que comungam nichos,
ninhos, jardins.
 
Escrevo
para o tempo
que se une uma única vez
à minha voz em volta do
coração e destrói a  ampulheta
 
Escrevo para o céu,
a água, para o sol
e o sal
condensados nos olhos,
nascidos apócrifos
na  perplexidade de sentir-me
dispenseira da alegria
quando menos nela acredito.

E o que escreve  é somente
um sobrevivente do  pensamento
nessa página em branco da vida.
O que nunca  foi 
nem vento, nem tempo.





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