Luto
Quero chegar onde não há mais retorno
Não ter que olhar para os lados
Não sentir mais vossa presença
E nadificar-me na pequena solidão
Cansei de tudo isso.
Cansei de todos vocês.
Cansei de mim também.
Tudo tem sido dado em excesso
Para quem não anseia o peso do mundo
Para quem não fere o inimigo
Para quem do nada quer
O silêncio armado no escuro,
A falta de temperatura,
Os gritos aprisionados na glote...
Desfaça-se, corpo pétreo,
Comovido em si mesmo.
Deixe-me a paz ao partir
Deixe-me, óh dor de estar aqui!
O vento passou rápido demais.
Desta vez não deixou rastros
Serpente, não resista ao som da harpa.
Não insista, queda d'água!
Dois anos que não passam,
Dois que se alongam,
Alargados, também estagnados,
São só dez anos, Aletheia!