Noite de Natal
Veste então a roupa
E, na voz rouca,
Camufla-se na alegria...
Ah... Na alegria!
O velho cansado se engana
E, se enganando, engana aos outros.
Faz-se de louco e enlouquece...
Se esquece...
Fenece o velho!
Pobre enganador –
Mal sabem todos o tamanho de sua dor.
Ah! Se pudessem ver seu passado...
Se soubesse de seu coração rasgado,
O tomariam nos braços;
Esqueceriam.
Na comunhão do engano,
O insano tece sorrisos.
Ilude e é iludido.
Sufoca-se no manto da paz.
Mas, temos um amanhã – o dia em que meditamos –
Em que paramos e percebemo-nos iguais;
Que a paz - tão admirada - esvai.
Desaparece (ela sempre desaparece)!
Então, o coração distraído,
Volta a ser - em emoção - contido.
Bate em um peito há tempos sofrido;
Um peito cansado...
Cansado da falsa alegria,
Da magia... Da magia.
Finda a noite,
A roupa é jogada de canto.
E, Sem o menor espanto, deita-se;
Cobre-se.
No enfado descansa!
Agora bem cercado,
Enquadrado em seu próprio silêncio.
São Paulo, 25/12/2010