O Poeta
O poeta não consegue escrever na alegria,
Inebriado, tomado pela mais singela felicidade
Tal qual o mancebo na mais tenra idade,
Mas na tristeza, nos momentos de nostalgia.
Para criar tão belo engenho e arte
É necessário um só combustível, vou dizer:
Pois esse não é outra coisa, a não ser
Um triste coração que se parte.
Assim é o poeta: funesto, entediado,
De alma sombria, sorumbática e moribunda,
Amante que não é amado.
Um ser onde o amor não germina, nem fecunda.
E guiado pelos devaneios desse mal, atabalhoado
Não percebe a melancolia em que se afunda.