AZUL- CINZA
Acima da minha cabeça o azul,
em minha volta o incolor e o inerte.
São dias que se somam sem propósito.
Dias que se subtraem de mim.
Estou em uma clausura sem fé,
em um ostracismo sem pérola!
Os degraus parecem seguir horizontalmente,
e o chão, meu abrigo, desprende-se...
O quê esse início principia?
Reescrever-se-ão os dias e as datas...
Meus olhos mantêm-se quase fechados,
há um grito apático
e uma dor silenciosa, desabrigada.
Meu corpo é abrigo apenas da minha carne,
que me fere.
Estou presa...
Tudo parece louco e eu sã.
São apenas círculos concêntricos
e voltas excêntricas.
-Céu azul, cinza!
Estou sob os destroços de uma guerra
na qual apenas não morri...
Espero por um efeito embriagador,
mas apenas fico bêbada!
Se o silêncio fizesse algum barulho,
talvez eu despertasse.
Procuro pelo amarelo,
mas o pastel sobrepõe-se.
Sinto-me só...
Sua ausência, minha companhia,
Sua presença, meu cárcere ...
Não quero seguir o caminho escrito nas linhas da minha mão.
(JANEIRO-2008)