Objeto

Descrevo dias e penso que existo.

Entre mim e você existe o nada ou o qualquer coisa.

Faz tempo que não sei o que é amanhecer em teus braços,

e quando acontece é o desprazer que abraço.

Queria ser poeta e descrever a dor do Amor em versos,

queria ter sido você para ter me escolhido...

Embriago-me entre duas mãos,

e no canteiro central perco minhas pétalas,

como lágrimas em noites de desespero e angústia.

Motores às minhas costas,

e à minha frente o vazio.

A cerveja amarga-me,

os motores ensurdecem-me...

Algumas vezes parece que me abrigo

em outra que se exaspera,

e enlouquece-me.

Em alguns dias fui alguém,

depois- OBJETO.

Rosa Sousa
Enviado por Rosa Sousa em 05/01/2011
Reeditado em 16/09/2016
Código do texto: T2711237
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