LAMENTOS EM SOLEDADE
Muitos carregam um coração triste,
Qual noite cerrada, qual mata virgem,
Sem clareira nem luz...
Não soa, nas fibras suas, a voz canora
Das aves gárrulas, nem dos
Pássaros tristes ouvem o pio...
De longe em longe, um rouxinol com
Mavioso canto embeleza o silêncio da Natureza;
Porém, nada, nada os seduzem...
Deixaram que a vida lhes fosse, até aqui,
Como um barco deslizando
Num rio sob sebes frondosas,
Onde buscaram colher versos,
Contemplando a crista das pequenas ondas,
Sentindo, às vezes, no rosto,
A chuva em muitas bagas...
Vezes outras sairam, entre as árvores da terra,
A catar frutos de encantamentos
Em suas copas verdejantes...
E, apesar disso tudo, trazem um
Coração triste, melancólico,
Principalmente em horas vagas...
Quiçá porque o mundo, cheio de
Crianças sem rumo, caracteriza
Uma ampla noite de misérias,
Na civilização religiosa, que entretanto,
Não tem Deus e, por isso mesmo,
Dá origem a despautérios incessantes...