PALCO VAZIO
Eu voltei ao passado,
Mas foi uma volta inútil.
Não encontrei nada do que buscava.
Aquele amor que fora tão meu,
Estava morto,
Ou preso no presente
De outra pessoa.
O meu passado estava vazio
De mim e dele.
Tudo estava diferente,
Nada era como antes,
Embora, ruas,
Esquinas e calçadas,
Permanecesse no mesmo lugar...
Tudo era tão estranho para mim...
Tudo estava tão distante,
Tão antigo...
Até eu, era uma completa estranha,
Naquele cenário patético de lembranças...
Não havia nada!
Nem mesmo a emoção de voltar
Fez acender as luzes da alegria,
Porque não havia calor,
Nem cor.
Tudo estava frio,
Feio e triste...
E eu chorei olhando
Para as minhas lembranças,
Vendo o que o tempo
Havia feito comigo
E com um passado
Que fora tão lindo...
Ele havia fechado
As cortinas dos sonhos,
Tirando toda luz,
Todo o brilho do cenário
Deixando o palco vazio,
Impedindo-me de reviver
As cenas que a memória
Guardara com tanto carinho.
E eu descobri que voltar
Não é reviver, principalmente
Quando se está sozinho.
Olhei para aquele amontoado
De lembranças,
Tão sem sentido,
Tão distantes,
Tão vazias de nós,
E resolvi enterrá-las ali,
Onde elas nasceram e viveram,
Para que elas permanecessem no passado,
Deixando de assombrar o meu presente
Com uma fictícia promessa de felicidade.