INVERNO

Deixa-me

Sua voz não me chega aos ouvidos

Este frio que castiga

É o leito vazio

São pedaços quebrados do coração que ficou.

Deixa-me

O calor do seu corpo foi-se embora contigo

É inverno na sala

Acabou meu abrigo

Triste e só está a alma que você desnudou.

Deixa-me

meu suor é gelado, estas mãos 'inda tremem

E meu dorso molhado

Toda a dor abstene

Veleidades que passam, o amor não brotou.

Deixa-me

Que cá só vou levando o estertor de meu peito

Se meu pleito é interno

Pugilato sem jeito

Abespinha o donaire, que o esteta sonhou.