SEM PALAVRAS

Posto que esse amor
Me faz errante
Oposto ao rumo
Da razão
Obliquo prumo
Um mensageiro
Da alucinação
Eu de mim perdido
No contraponto
No desencontro
Do verso destorcido
Negação
Posto que esse amor
É como se eu inteiro
Houvesse envolvido
Num absurdo e imenso
Grito que se multiplica
Torna denso
O estreito sentimento
Posto que esse amor
Penetra nas paralelas
Corta recorta fica
Aprofundado
No meu momento
(Não deveria)
Mas dói causa agonia
Como o soar de um fado
Como a poesia
De Florbela
Posto que esse amor
Me deixa em descompasso
Sem saber o que faço
O que digo ao coração
No eu que me desfaço
Escondo rosto entre as mãos.