A solidão tem varandas
A saudade seus olhares
E a lembrança tem asas
À minha esquerda o mar
À minha direira a rodovia
Ali em frente não sei o que seria
Esses telhados e suas antenas
E ao longe os prédios estáticos
Maculam impunes o horizonte
Os olhares estão no espaço
E as lembranças no tempo
E mais de longe lá atrás
Lembro daquela notícia ruim
Que nunca imaginei que viria
Exatamente numa varanda
Entre o mar e a rodovia

Depois de um certo dia
Talvez já perdido no tempo
Vinham a ser todos teus
Todos os meus poemas
Que pensava ou sentia
Se não doessem escrevia
Mas ficam aqui dentro calados
Entre a angústia e a melancolia
Aqui dentro ficam silenciados
Entre a dor e essa agonia

Não tem nenhum poeta aqui
Não. Não tem, não tem mais
Só algo que agoniza e pensa
E se cansa tanto de escrever
De dizer tudo que nem sabe mais
Tudo o que nem ao menos consegue
Ser capaz de largar ou esquecer

Enquanto a solidão nessas varandas
Obriga a saudade os seus olhares
Na lembrança desses tristes lugares
Esses distantes lugares por onde andas



Praia Grande-SP, em 24/12/2010
Marcos Lizardo
Enviado por Marcos Lizardo em 28/12/2010
Reeditado em 29/07/2021
Código do texto: T2695168
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