Minha Penitência

Tua voz sussurra

No ouvido do vento

Um gozo frio e lento

Como o cantar da lira!

Voluptuosa como fogo em pira

Teu corpo é meu acalento,

Terno e doce lamento

Onde minha mente pira!

Pétalas em outono vívido

No mortuário de minhas sombras,

Germinam das lágrimas tuas!

Rubras nuances nuas

Atiçam o fogo de minha libido!

A ausência de tua voluptuosa boca

É meu mordaz castigo,

Pungente e cruel inimigo!

Tu voz silencia

No ouvido do vento

Um gozo outrora frio e lento

Como o cantar da lira!

Lembranças póstumas

Em meu leito de estrelas

Tua melindrosa voz é,

Como a marcha do cabriolé.

Assim como o vento

Canto meu lamento

A luz fúnebre do luar,

Agora só me restou chorar!

João Paulo 12/09/06