Vidro embaçado
Então, cai a chuva...
O dia agora é nublado
E nessa rotina, permaneço trancado;
Isolado na minha própria composição.
No embaço da alegria, a vida parada.
Por trás da janela, uma imagem gastada;
Camuflada num desejo de fugir;
De abandonar tudo e partir.
Uma vontade de sumir... E só sumir!
Ah, como dói a observação!
Vejo saudade em toda essa precipitação;
Vejo rostos amigos neste céu desbotado;
Lavado de esperança... Lavado!
Penso em esquecimento,
Assim estaria liberto em pensamentos
Em novas canções.
Mas sei que são pretensões,
Meras alusões do que seria viver!
Portanto, contento-me em saber que chove
E se as lembranças são tristes
É porque foram boas no momento;
Não foram leves brisas ou rápidos ventos.
Foram canções que ecoaram em meus ouvidos
E que, agora, me faz em um riso contido,
Abafado.
Olhando a chuva através do vidro embaçado,
Me esqueço e esqueço que serei esquecido.
Procuro, num olhar distraído,
O que há um tempo era meu presente
E, no acaso do devaneio, deito, penso, descanso.
Dsoli