Adeus Vida Cândida

Já são idos os tempos de bonança,

onde a alegria eterna da criança

se foi sem ter a preocupação...

Adeus cigarra da mata!...

Adeus ó fonte escondida!...

Pra sempre bonança perdida

ao declínio da fermata.

Como que me persegue a vida adulta!

Agora tudo que é infantil insulta

minha sabedoria e vã razão.

Adeus ó canto diurno!...

Adeus sorriso tão ledo!...

Antes tu eras o penedo

agora és muito soturno.

E quem me vê sorrir, logo é enganado...

O meu sisudo rosto é mascarado

E eu finjo para todos ter o pão.

Adeus Verdade Inaudita!...

Adeus, ó vil lei e norma!...

A minha alma, então, se deforma

e só no fim que acredita!

Cairo Pereira
Enviado por Cairo Pereira em 24/12/2010
Código do texto: T2690003
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