MÃE ENJEITADA
Homenagem às mães, idosas e sós...
Vivendo sozinha
a doce velhinha
relembra o passado:
A casa tão cheia
na hora da ceia
e o esposo adorado...
Os filhos presentes
e demais parentes,
os aniversarios...
As bodas, as festas,
as horas funestas,
os terços, rosários...
Fugaz juventude
de plena saúde,
triste solidão...
Fazendo crochê
não sabe o porquê
da desunião...
Na hora do banho,
o risco tamanho
de enfim, fraquejar...
Toda lucidez
em tal viuvez
lhe faz recordar
os filhos, quais santos,
seus netos, encantos,
os últimos dias...
Não expressa queixumes,
não sente ciúmes,
ri da hipocrisia...
A espera da morte
a Deus preza a sorte
de tudo o que tem.
É mãe enjeitada,
jamais disse nada
não fosse por bem...
Mas Deus não esquece
a mãe que merece
e busca o exílio.
Falta a caridade
dos filhos; quem há-de
vir em seu auxílio?