MÃE ENJEITADA

Homenagem às mães, idosas e sós...

Vivendo sozinha

a doce velhinha

relembra o passado:

A casa tão cheia

na hora da ceia

e o esposo adorado...

Os filhos presentes

e demais parentes,

os aniversarios...

As bodas, as festas,

as horas funestas,

os terços, rosários...

Fugaz juventude

de plena saúde,

triste solidão...

Fazendo crochê

não sabe o porquê

da desunião...

Na hora do banho,

o risco tamanho

de enfim, fraquejar...

Toda lucidez

em tal viuvez

lhe faz recordar

os filhos, quais santos,

seus netos, encantos,

os últimos dias...

Não expressa queixumes,

não sente ciúmes,

ri da hipocrisia...

A espera da morte

a Deus preza a sorte

de tudo o que tem.

É mãe enjeitada,

jamais disse nada

não fosse por bem...

Mas Deus não esquece

a mãe que merece

e busca o exílio.

Falta a caridade

dos filhos; quem há-de

vir em seu auxílio?

Ricardo De Benedictis
Enviado por Ricardo De Benedictis em 22/06/2005
Reeditado em 10/05/2006
Código do texto: T26838
Copyright © 2005. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.