Aquela tristeza da vida vazia
Me desorganizo tão fácil
sempre procuro onde me encontrar
venho aqui, acolá, estou a procurar
quem eu possa chamar de eu
A vida tão moldada, chata
aventuras mostram-se tão escassas
que resigno-me a cumprir
tarefas enfadonhas, exatas
relações e obrigações do que se passa
sempre no mesmo lugar, sem mudar, sem fugir.
Amadureço lentamente, à força do erro
sempre do que me mostraram ser ideal.
Hoje vejo que não sou muito igual
ao que admirei, venerei, mas sem reconhecê-lo.
Ouço em música a voz do consolo, reconhecimento
produzo minha dor, expresso sabor, de um encanto.
Busco calmaria, paisagens sem muito movimento
fujo de mim, encontro por aí, o vento jogado num canto.
Não bate em mim, não me move daqui
procuro sair, andar sempre assim, escrevendo meu canto.
Canto confusão e desesperança, de uma alma jovem.
Espanto por não sonhar, não desejar o que quer que provem.
É que já não acho graça na vida e não sei o seu valor
não quero morrer, nem mesmo viver, só sentir essa dor.
Talvez a grande emoção, absorve minha atenção
e me diz: existe um eu.