Regredindo
Vi tua sombra se aproximar da minha vida,
Senti o frio olhar distante me calar as vistas
E o respirar suave a penetrar meu olhar vazio.
Tuas mãos se aproximaram e fecharam-me os olhos
Tornando breu meu mundo desconhecido
E revelando a mim o sabor do mistério.
Meu corpo seguro pelo solo tão sagrado
Sentia o frio de um enigma há muito esquecido
Mas a cada respiração sentido, eternizado a cada sono.
Sua voz era clara e doce em meus sentidos.
Em seu colo, senti frio e proteção
Paz de um tempo que não conheci.
Mergulhei na tua contagem decrescente
E nadei por lugares vazios e densos
Vastos campos verdes da minha mente.
A porta se abriu e vi a mim mesmo diante de si mesmo.
Os ponteiros giravam ao som de sua voz sussurrada
E me faziam sentir o que era irreal, mas verdadeiro.
Escolhi a porta da esquerda por razões desconhecidas
E nela vi o vazio do meu mundo de lembranças
Voava eu por nuvens douradas num azul profundo de céu.
Fechei a porta, o mundo era silêncio e calmaria.
Na direita a porta revelava o branco, o tudo e o nada.
Ar de neutralidade e decepção levaram-me de volta ao relógio.
Vi os ponteiros outra vez em marcha, tão tristes.
Deixei para trás a porta aberta e dentro da sala meu enigma
Jogada ao chão, ficou a vida em campos verdes.
Deixada no toque neutro de suas mãos,
No teu olhar confuso e sábio.
Nos teus lábios
Em mim.