Regredindo

Vi tua sombra se aproximar da minha vida,

Senti o frio olhar distante me calar as vistas

E o respirar suave a penetrar meu olhar vazio.

Tuas mãos se aproximaram e fecharam-me os olhos

Tornando breu meu mundo desconhecido

E revelando a mim o sabor do mistério.

Meu corpo seguro pelo solo tão sagrado

Sentia o frio de um enigma há muito esquecido

Mas a cada respiração sentido, eternizado a cada sono.

Sua voz era clara e doce em meus sentidos.

Em seu colo, senti frio e proteção

Paz de um tempo que não conheci.

Mergulhei na tua contagem decrescente

E nadei por lugares vazios e densos

Vastos campos verdes da minha mente.

A porta se abriu e vi a mim mesmo diante de si mesmo.

Os ponteiros giravam ao som de sua voz sussurrada

E me faziam sentir o que era irreal, mas verdadeiro.

Escolhi a porta da esquerda por razões desconhecidas

E nela vi o vazio do meu mundo de lembranças

Voava eu por nuvens douradas num azul profundo de céu.

Fechei a porta, o mundo era silêncio e calmaria.

Na direita a porta revelava o branco, o tudo e o nada.

Ar de neutralidade e decepção levaram-me de volta ao relógio.

Vi os ponteiros outra vez em marcha, tão tristes.

Deixei para trás a porta aberta e dentro da sala meu enigma

Jogada ao chão, ficou a vida em campos verdes.

Deixada no toque neutro de suas mãos,

No teu olhar confuso e sábio.

Nos teus lábios

Em mim.

Alex Dumal
Enviado por Alex Dumal em 18/10/2006
Reeditado em 12/09/2008
Código do texto: T267082
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