A Escada da Casa da Morte
Do alto da escada da casa da morte
Desci sem rumo em devaneios sísmicos,
Com asas de anjo e sangue nos pés.
Delicadamente a espiral consumia-me
Em fardo, em vida, pesadelo.
A imagem vertigem seguia meu olhar vítreo
Em cada gota de sereno pousada nas pedras,
Cercando minha razão com desfoques frios
E sonolentos anseios.
A morte me fita imóvel e impassível.
Vendo-a daqui, a luz a coroa e a santifica.
A lua sangra na ponta da foice
E seca em pó de estrelas.
Deixo-me descer pelo turbilhão de degraus
Que rodopiam a torre dos vencidos.
De onde vejo o breu das entranhas
Do fim da escada da casa da morte.