A Voz do Passado

De repente, daquela casa antiga,

sobe um som tão velho quanto ela,

como se fosse a lembrança amiga

debruçando-se de novo na janela.

É um sucesso da minha mocidade,

e cuja letra eu repetia até de cor:

falava de amor, sonho e saudade,

coisas que hoje conheço bem melhor.

Imagino quem, dentro dessa casa,

calado e pensativo, ao lado da vitrola,

escuta o velho e arranhado disco,

quem o relógio do seu tempo atrasa,

enquanto uma lágrima no rosto rola

e ele disfarça, dizendo que é um cisco.

Amaury Nicolini
Enviado por Amaury Nicolini em 12/12/2010
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