Final de tarde outonal
A terra abriu-se para receber a chuva
que hoje caiu num pranto…
A natureza resgata-se, lava-se,
nas águas que correm velozes para o rio.
Do rio seguem para o mar.
As folhas de cores quentes
(amarelas, vermelhas, castanhas...),
pintadas pelo frio dos dias outonais
caem, melancolicamente,
no jardim, na rua e na calçada.
A força do vento norte
canta, uiva, assobia,
cria notas musicais
entre os ramos das árvores
gigantescas e seculares da avenida…
O Bolero de Ravel fica tão aquém
deste som mavioso que penetra
meus ouvidos e minh´alma!
Meu coração canta ao mesmo ritmo,
trazendo-me uma paz infinita.
Apenas minha tristeza
não é levada, lavada,
pela chuva,
como essas folhas caídas…
Por detrás da vidraça
observo a chuva que continua a cair…
A terra, já de tão molhada,
parece sorrir, abrindo-se mais ainda,
recebendo-a, absorvendo-a…
Sinto que essa chuva, essa terra,
essas cores, esse vento,
esse uivo, essa música,
essas árvores,
sempre estiveram vivos dentro de mim,
sempre foram tão meus!
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Fado Sonata de Outono - Carlos do Carmo
http://www.youtube.com/watch?v=vd
CEn_wWm2I
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Ana Flor do Lácio (11/12/2010)