Auto-consumo
Consome o homem a angústia –
Eis sua dor –
Ela é chama, é sabor.
É o calor de uma vida que pariu;
De uma juventude que se extinguiu.
É lembrança, ar pueril.
Guarda no peito saudades de si mesmo.
Do tempo que perdeu;
Do beijo que poderia ser seu.
Então, contenta-se o velho Romeu,
Com uma Julieta cansada,
De pele esgarçada,
Dividida entre o agora e o ontem.
Acaba o homem com seus olhos na estrada.
Na sua jornada, são intensificados os traços.
Passo a passo é construída a ilusão,
Vende-se a si mesmo em falsa comunhão.
Distrai-se...
Engana-se...
É feliz...
Chega o homem ao fim da estrada.
Decide, então, dar fim à caminhada.
Conforta-se no desconforto...
Acostuma-se a tristeza...
Já não vê na vida beleza.
Consome-se!
Morre em si mesmo!
Dsoli