Barco sem Verbos

Deixa-me só..
Estou cansada de viver
Em seus El Ninõs
e conhecer novas faces suas
Em cada novo eclipse.
Enquanto apagas meus caminhos

Estou cansada de ser
Sempre a rocha da arrebentação
nas suas ondas de prazer e fúria.
Deixa-me sem tuas marcas
Tuas palavras agora são hieróglifos
que eu não quero comprender..

Sem as couraças onde te escondes
Blindando meus sonhos...
És só carvão e não mais diamante
Reverberação fajuta, sem atributos

Como uma concha
Em que não nasce pérola
Assim se revelas neste meu olhar
Que se vai a marejar
Noutro porto despertar amores...

Como um barco
Sem velas...
Sem remos ...
Sem verbos...


Cristhina Rangel.
Cristhina Rangel
Enviado por Cristhina Rangel em 03/12/2010
Reeditado em 03/12/2010
Código do texto: T2650510
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