Nevoeiro
Fumaça , transpassando a percepção
Inodora e equivalente ao mínimo preciso
Pra gosto comum , ou gosto próprio
Inadequa-se o homem ao que lhe indaga o destino
Meu doce amor de irmão
Minha dose calma de loucura
Umas gotinhas de limão , e pronto …
Fez-se perdido o valor , e jocosos os dias ruins
De uma forma ou outra , o necessário é viajar
Nos risos ou nas frases cultas
Nos livros ou nas pontas dos icebergs inativos logo cedo
Aprendi tudo sozinho , mordendo culpa e moldando sorte
Calor , passa
Frio , há de cessar
Medo , há de passar …
Vozes profundas , sonhos incompletos
O homem dorme , sua natureza predispõe isso
Acordar acarreta num valor sentimental tão grande …
Que o prazer do quase gozo ao ver luz e movimento …
O joga na teia sedutora , ora maléfica … mas necessária
Pacato …
Fortaleza dos corpos imóveis
Onde há posse , mas não há controle
Então , no fundo … o que se dizer da malícia atingida ?
Quando dou fé , dou meu melhor
Imponho algo sacro , para que os outros não me oprimam
Presencio a vida , olhando-a de fora
Participo às vezes , quando falo ao telefone , por exemplo
A timidez me diz que não adianta forçar nada
Mas gosto da ousadia , dosada com decência … isso é lógico .
Daniel Sena Pires – Nevoeiro