Triste
Triste de quem ama, cego quem se fia
Em vozes não ouvidas - promessa vã ! -
Em sonhos irreais que pela manhã
Desaparecem no raiar dum novo dia.
Triste de quem espera e que nunca alcança
O desejo último, última tentação,
A que fará reviver o coração
Numa derradeira réstia de esperança.
Triste de quem quer viver mas não tem alma,
Que julgando tudo ter, falta-lhe a calma
Por não saber onde a alegria mora.
Triste de mim ! Amo, espero e quero crer
Nessa quimera que me faz viver,
Mas que me mata um pouco mais a cada hora !