Convento...

Durante anos de uma vida povoada,

Andei só, com meu coração despovoado.

Dava bom dia ao vizinho com sorriso no rosto...

Para esconder a vergonha de cada a dia.

Destilava palavras de carinho,

Mas minha carne interna estava desidratada, sem rio.

O amor que sempre me amou, insistia em ficar...

Estava por um triz conservá-lo florido...

Pois eram muitos momentos pálidos, sem colibris.

Me vi num convento onde só enxergava lamento,

Duma escassez de sentimentos de entontecer,

As cores que eu via, era branco e preto...

O branco: não era de paz, era dum tormento-loucura...

O preto: não era da noite com luar, era a morte vestida para me tragar.

Minha sorte foi a de ter nascido teimosa, rebelde, é... rebelde.

Cuja rebeldia causou a rebelião de toda uma vida ferida...

Sem cor,

ser harmonia,

sem poesia... Me libertou!

A inquietude interior que me vestia

Me fez ser melhor do que eu via, sentia e vivia.

Estava tudo entalado na garganta,

E, antes que me estrangulassem...

Vomitei com toda a minha coragem.

Rasguei a batina que enclausurava minha espontaneidade,

Joguei-a no lixo, no lixo dos covardes!

Fiquei desnuda, com a face alva, macia e sem poeira.

(respirei)...

((( Camila Senna )))

Camila Senna
Enviado por Camila Senna em 25/11/2010
Reeditado em 07/12/2010
Código do texto: T2635418
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.