Hora da Morte
Ouço distante o relógio que segue
Segundo após segundo
Minuto após minuto
Numa jornada eterna a lugar algum
Mas aproxima-se o meu fim
Sinto que meu sangue não almeja mais
Circular dentre as minhas veias
Sinto que o meu pulmão se fecha ao ar
Que minha mente se desliga de meu corpo
Vagarosamente eu me despeço deste mundo
Sozinho, esquecido em meu leito de morte
Ainda ouço o som dos ponteiros do relógio
Aproxima-se a morte
Suave e rasteira
Envolve-me em teu manto rubro
Embala-me em cantigas
Como uma Mãe a ninar tua criança
Mas conheço o mundo
Sei o quanto ele pode ser mau
Vi quanto mau nossas mãos podem produzir
Mas agora, sou apenas um moribundo
Que observa a luz alva da lua
Que deseja tanto poder tocá-la
Mas minhas mãos estão envoltas em brumas
Carregado para longe deste mundo
Não sei qual será meu destino
Mas nada mais importa
Não existirá alento para uma morte solitária
Esquecido na relva dos dias
Poucos feixes de luz tocaram meu rosto
Como sempre gostei que o fosse
Não haverá lágrimas ou comoção
Não haverá corpo a ser velado
Não haverá epitáfio que diga quem fui
Sou um anônimo que abraça a morte
Tão bela Morte...