Brancas areias sem fim
Passaram-se anos, os anos enfim,
Que na praia das brancas areias sem fim,
Existia aquela que amava a mim,
Bem lembro que ela andou por aqui,
A quem sentia afeição pelo meu coração,
Meus pensamentos serão sempre em ti.
Éramos ainda jovens, jovens no mundo a sorrir,
Na praia das brancas areias sem fim,
A pureza do nosso amor era mais que amar,
Mais do que se pode sentir,
Um amor que não havia na terra nem no mar,
Que nos céus os anjos queriam-no conseguir.
E por isso sucedeu, já virado o ano,
Na praia das brancas areias sem fim,
Que numa gélida manhã de inverno,
A grande nuvem escura levou-a de mim,
E seus parentes vestidos em luto,
Vieram velar seu corpo aqui, bem aqui,
Guardando-a, fria e branca num tumulo,
Aqui, na praia das brancas areias sem fim.
E nos céus, os anjos então puderam,
O amor mais puro conseguir...
E esses são os motivos que sucederam,
Na praia das brancas areias sem fim,
Que as nuvens de inverno chegaram,
Levando a ela, a que sentia afeição por mim,
Mas nosso amor era mais do que amar e sentir,
Era uma necessidade do outro sem fim,
Habitando-nos o mesmo espírito enfim,
Que nem nos céus podem os serafins,
Ou demônios embaixo do mar, extinguir,
A magia que pra sempre existirá a unir,
Meu amor ao amor dela, que amava a mim.
Pois o por do sol à tarde, só me traz saudade,
Da bela que eu amei aqui,
Do luar escondido, só recordo os sorrisos,
Da bela que eu amei aqui,
E todas as tardes venho deitar-me,
Ao tumulo da minha deusa, a lamentar-me,
Apertando nas mãos grãos de areias daqui,
Da praia das brancas areias sem fim.
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