Sorumbático
Navios negreiros buscavam,
Vidas para o sacrifício.
Chibatadas... Troncos armaram,
Do mal fizeram seu exercício.
Escravos como animais
Eram maltratados.
Os negros não esquecem jamais...
Tantos irmãos espancados.
Em nuvens horas se fundem,
Tantas palavras vazias.
Ó linguagem que confunde,
Não passam de ventanias.
Desordens amargas no pensar,
Liso campo paludoso.
Demente, arcaico a suspirar,
Morada, memória do impiedoso.
Ó território do mitismo,
Ausência plena e serena.
Pecados do cristianismo,
Malbaratado me envenena.
No conserto tudo é tarde,
Não há tempo de cura.
Ó consciência covarde,
É o mal que não abrandura.
Trata-me, mas é tarde,
Chegou a hora da partida.
Mas o fogo ainda arde,
Não há mais despedida.