AUTO-FLAGELO

Não tem maior castigo

do que o meu próprio eu

que nunca se deu

do seu vil artigo.

O meu corpo, carcaça,

mero ambulante por aí

túmido, sem graça,

de mim mesmo menti.

Sou visão despedaçada,

sou aquilo, sem exercitar,

imagem adelgaçada,

para olhar e irritar.

Abutres me cercam,

pela hora da morte

sem rumo e sem norte,

assim me apertam.

Vejo negros corvos,

lúgubres grasnados

de pingas que sorvos

já todos encovados.

Neste vale de flagelos,

sem auto confiança

olhos fundos e amarelos

sem esperança.

O meu amor perdido,

já sinto o frio da morte

que mesmo preterido,

aduncado, meu passaporte.

Nada se salva

da minha esperança,

da luz da alva,

do sonho de criança.

Levado pela correnteza

como barquinho de papel

vai sumindo longe e cruel

distante vai da tua beleza.

(YEHORAM)

YEHORAM BARUCH HABIBI
Enviado por YEHORAM BARUCH HABIBI em 18/11/2010
Código do texto: T2622505
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