Um Trôpego


Ele não pensava ir embora,
Mas um tiro matou a glória.
Perdeu-se a voz,
Dobra o sino (sempre),
A viúva chora.

Partiu sorrindo,
Chorou o pequeno.
Sonhos quebrados,
Cenas guardadas na memória,
Nos bosques da euforia.

Ficarão assim, iludidos,
Sem olhar o berçário.
Engolindo um socorro,
Um grito amigo, estima elevada.

Será que não,
Por quantos anos viverão?
As cicatrizes, venenos
Nas garras enfraquecidas.

Um trôpego inútil,
Cospe fora a nicotina letal,
Abre o jornal, detesta
As notícias corruptivas
Que sujam a imagem do Presidente.

Sobrevive com barbitúricos,
Controle mental fatídico.
Agora sim, chegou sua vez,
Dobra o sino (sempre),
A viúva chora.

                           
egpoesias@hotmail.com


 

EDIR GONÇALVES
Enviado por EDIR GONÇALVES em 16/11/2010
Reeditado em 04/12/2021
Código do texto: T2618328
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