O Céu Que é Uma Fornalha
Anelei ter teu amplexo...
Não foi mera dor do peito,
vaidade de um sujeito
suspirando pelo sexo.
Eu queria aplacar toda
dor que aqui se faz presente
em qualquer noite silente
sem louvor, canto, paz, boda...
Anelei do fundo d' alma
extirpar esta saudade
onde faz minha equidade
se perder sem ter a palma.
O meu pranto é tão silente,
dolorido e solitário.
Esta culpa é meu calvário!...
Ando só em meio à gente.
Dir-me-ão que “é mais um drama”
do poeta enganador,
mas quem sabe o sofredor
se resolva em não ter fama:
sem laurel e sem medalha,
sem troféu em sua mão,
coquetel de uma ilusão
neste céu que é uma fornalha.
Sem dizer nada a ninguém
nem em prosa, verso ou conto
ao fazer-se triste e pronto,
tendo a glória por desdém.
Vem no peito uma lembrança
de que um dia fui feliz...
E hoje vivo por um triz,
agarrado na Esperança...
16/12/2010 5h37