Lua de Luanda

A lua de Luanda ali, lírica e linda

Delira um luar prateado sobre a terra

ostenta suas longas eras sobre aterra

Cúmplice de Reis, tolos, amores, idas e vindas

Alegrias e tristezas sobre a luz da vela

todas as noites ela sobe e para, distinta

com uma luz tão fria, luxuosa e prateada

ah, lua de Luanda, diga-me o que significa

esse coração batendo como maquina

sem razão necessária para ser lógica?

A lua de Luanda tem o olhar da eternidade

o silencioso devaneio do espaço

Ilumina os caminhos do meu fracasso

Luz esmagadora a minha mediocridade

ah, o que faço? Não me revelas a verdade!

Deixe meus pés seguir descalços

em tua direcção e ver tua intimidade

para que eu possa continuar no encalço

dos meus sonhos, sonhos perdidos da mocidade

Oh, lua de Luanda, detenhas a aurora

lute contra o sol e domine o universo

deixe-me criar da tua imagem um novo verso

que aniquile, desintegre uma alma sofredora

como a minha que se encontra ao avesso

sem mais força pra suportar tanta mentira

tanta TV e consumismo indecoroso

O que é isto? Com que finalidade

me deram olhos para ver tanta tragédia

A poesia cega... talvez fosse apropriada

para consolar minha alma cansada.

Memorias do passado mostram-me que o futuro

já passou, e todo o amanhecer são perdas

nossos valores caem e rolam como moedas

e nós as vemos sumir num esgoto do futuro

e não é uma perda que se possa restituir

não é algo que você esquece ao dormir

Não é um sonho em que se busca amor fraternal

O rolo aniquilador da crise existencial!

Oh, lua de Luanda o que minhas mão querem

tactear? O que é essa busca que me faz ser

triste? Alimento mente e corpo, pra que?

Eu sei das coisas que o amor pode fazer

eu tenho amigos pessoas que me fazem

muito bem, tenho todos os motivos para ser

feliz, mas sou triste, sou estranho, por que?

Ah, lua nova! Noiva! Vista seu triste véu

receba os encantos dos amantes apaixonados

o amor a fúria dos desejos e os pecados

encante com seu brilho os olhares para o céu

Oh, lua, seja mágica com os desenganados

Seja fiel aos poetas incompreendidos

continue seu enigma sobre o céu ostentando

Pois seu poeta perdido está desmoronando

seu poeta destruído segue desmoronando

Com a realidade do sol implodindo-me.

[Sigo desmoronando]

tomb

Tomb
Enviado por Tomb em 08/11/2010
Código do texto: T2604771
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