Quase Mãe...

Não. Não me chamem de mãe!

Me chamem de alguém que tem a condição de parir.

Não! Não me condenem, a não ser que alguém se permita ser chicoteado pelos pensamentos e viva a cada dia a dor de procurar um rosto de alguém que não conhece; ou mesmo de ouvir um choro que só ouviu uma vez.

Me chamem de mulher, que sente a dor de corte por ceder ao medo e a insegurança.

Me chamem de puta, por não ter tido a força de encarar os verdugos defensores da moral.

Me chamem de mulher por carregar a marca da incapacidade de não carregar no colo o fruto do meu ventre e chorar na alma com a visita do tempo.

Mas por favor, me chamem Madalena e me mostrem o caminho do perdão

Para que outras não sintam a dor de cometer o aborto da vida, por entregar um filho que procura o peito

E na voz do vento me chama "Mãe".