Hoje Chove Dentro de mim
Observo a chuva caindo lá fora de mansinho molhando as janelas
Lavando das ruas todo o pó, todo o sangue e o passado
Penso, faz tanto tempo que não chovia assim...
Dessas chuvas branquinhas, tranquilas, suaves de ninar
Que de repente prescipitam dentro da gente uma vontade de poetizar
Estava tudo tão seco, sem vida
Parece que faltava até o ar para respirar!
Bendita chuvinha de novembro!
Fresca chuva que traz esse cheiro, esse gosto de primavera
-Ah! quem me dera ser assim comigo também!
Mas a chuva que cai dentro de mim há muito já é temporal1
Há muito é tempestade de trovões e raios...
Mas é tão bom ficar olhando o chuva caindo
Sorrindo como se não fosse mais passar
Como se fosse uma canção de ninar
-Quem me dera que essa canção tocasse meu peito
suave, tranquila, com jeito e me fizesse sonhar
Mas na tempestade só ouço trovões
Ressoando como tambores, das tribos antigas
Distantes nas noites de sacrifício
E essa calma poesia que cai do céu
Como uma dádiva de Deus
Um translúcido e branco véu
A dançar ante nossos olhos
-Porém meus olhos choram na mesma proporção que a chuva cai
Sem um aviso de final