Pode ser tudo por mim, estes sentimentos
Raiva, desprezo, indiferença
E o esquecimento de eu existir
E o meu sentimento de eu ainda achar
Que mereço...
E, pensando bem, eu bem que faço
Por merecer...
Quem mais eu quero ser?

Uma noite em claro é o suficiente
(Ou não, nunca vou saber...)
Para por em desordem os pensamentos
E desentender mais os sentimentos
Amanhece um cansaço em mim
Pesa existir o próximo instante
Em que pese ainda estar vivo
E me fazer tão desinteressante

A solidão é parecer morto
A lembrar pessoas intocáveis
Nem falar e nem gritar
Ninguém vai ouvir
Nem aparecer
Que ninguém vai ver
E vou saber o quanto mereço
Haver um tanto de esquecimento
Nessas manhãs que não ouso perder
Ver mais um dia nascer sabe-se lá pra que
E haverei de ainda perder tudo
Por não ser capaz de esquecer
Que mais perder?

Preciso sempre não dormir
Não pensar, não sentir
Não ser, não ter, não crer
Preciso sempre morrer
Para apagar as horas todas
De um tempo que não sei mais sentir
Um tempo, que sei, que nem mereço

Sede, sono, fome, saudade
Deixa tudo ser só a verdade
Tristeza e solidão
A dor do silêncio
Deixa tudo doer
Que eu não sei esquecer...

É parecer estar tão vivo
E tudo morto em volta de mim...
Marcos Lizardo
Enviado por Marcos Lizardo em 07/11/2010
Reeditado em 30/07/2021
Código do texto: T2602109
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