ÓPERA TORTA

ÓPERA TORTA

Paulo Gondim

05/11/2010

Tentas esquecer-me, pois sabes ser preciso

Mas apenas tentas, nada mais do que isso

Nem o sol de um novo dia, nem a lua

O sereno da noite, a luz fosca da rua

Te servem de amparo, de lenitivo

Pois meu amor permanece, em ti, vivo

Assim sou eu, que também não te esqueço

E por assim ser, mais do que tu, padeço

Minhas noites são trevas, as manhãs frias

Orbitam em mim lembranças sem fantasias

Sou um espelho velho a refletir tua imagem

Um trem errante, que não sabe o fim dessa viagem

Somos o resumo dessa ópera torta

Representamos cenas de natureza morta

Dois zumbis, fantasmas na escuridão

Amargando o desprezo, a falta de perdão

Implorando o fim desse vil castigo

No abraço frio e derradeiro de um jazigo

Paulo Gondim
Enviado por Paulo Gondim em 05/11/2010
Código do texto: T2599241
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