Soturno
Eu fito os olhos trêmulos da noite
Que derrama suas horas como ondas,
Arrebentam em recife desconexo
Retorcendo o que antes foi bonança.
Entre os lábios do ocaso sou cativo
Que me guardam ao momento de rilhar,
Entre dentes que trituram o meu ser
E espalham os pedaços ao luar.
Sob este véu que persiste em cobrir
Os sentidos espalhados pelo chão,
Já houve tanto encanto a bramir
Hoje resta carne morta e solidão.
Rio de Janeiro, 5 de novembro de 2010.