O CANTO DO CISNE
Adeus Amiga — não é mais querida —,
Aquele termo que empolgava a vida
Agora não me é dado pronunciar.
Não mais teremos “xõ”, “pera”, “zilhões”,
Nem “tricôs”, “amuado” nem chavões,
Tantos risos e um doce bem-estar.
Tudo acabou. Foi tímida ilusão.
É muito triste. Explode coração!!
Agora é noite escura, tenebrosa.
Pra uma vida tão curta, sem alento,
É tão longo e nefasto o sofrimento
Ao fim de fantasia tão gostosa!
Liberta agora, minha doce amiga,
Não tem mais meu ciúme à moda antiga
E tantas brigas que a chateavam muito.
Vai retornar ao vin e ao que quiser,
Pois é livre, rainha e mais mulher.
O mundo lhe será leve e gratuito.
A mim resta nadar sozinho e triste,
Se é que meu coração inda resiste,
No lago azul onde a água já se tisne,
Qual cisne que perdeu sua parceira
E nunca nada mais, a vida inteira,
Nem canta alegre ao lado de outro cisne!