SANATÓRIO
Deposito as dores do tempo enclausurado
nos vãos vazios que trespassam as janelas.
Os beijos guardados sangram em meus lábios.
Assento os paralelepípedos das vielas,
acendo a pira do destino por puro instinto.
Sinto as águas que molham a terra.
Planto a viga de ferro fundido,
vagueio nas aleias de árvores ressequidas.
Réstias serpenteiam em noites ferinas.
No escuro, o pio rasga mortalha da coruja
fortalece minhas dúvidas, tão minhas.
Rasgo o vento com minhas garras de ave de rapina.