LINHAS VAZIAS

Vivia entre a loucura e a realidade
E na primeira mais que devesse ficar
Visto que de muito necessitava
Teus olhos e tua boca tocar

Teus lindos e cerrados olhos desnudos
Arrancaram o frágil vestido de minh’alma
Teus cabelos em grisalhos desalinhos
Largaram-se entregues em minhas mãos

Vi tua boca abrindo-se lentamente
Em busca da minha úmida e ardente
E antes que teu hálito pudesse alcançar-me
O sopro de tua alma tomou-me por inteiro

Invadiu-me neste lapso de segundo
A derme que evoca a paixão
Momento onde supomos ter o mundo
Onde no abismo do ser bate um coração

Queria para sempre neste mundo ficar
Mas tu me lembrastes que é preciso voltar
Acompanha-me ao Portal da Loucura
Lembrarei sempre tua ternura

A rotina traz enfadonhos dias
E nos animais e flores, alegrias
Na arte escondo minhas manias
De minhas linhas pouco vazias

Tento viver no limite, a tênue marca
Tocar-te por pouco e ficar na terra vazia
Mas querendo sem conseguir, quase me perco
E retorno para aquecer as linhas frias.