DOR
O vento bate
A cara dura de doer, chora.
O vapor que sobe, aquece.
Queima a língua de quem afronta
Água sólida lava o rosto e deixa cortes
Viver são os pés sobre a terra, ainda que firme.
Cuidado com os que caminham sob o chão
Sentir em sua variante provoca a alma.
Questionar o motivo da vida?
Tenho amigo, que não suporta interrogativas.
Não se questiona o óbvio, a menos que não seja.
Quem sabe algo, afirma-se.
Nascer com brilho, machuca o outro.
Nada eu tenho a declarar
Cada espinho, em cada espadada, me olha aqui.
Saber sua origem, esperar o retorno?
Uma última pergunta!
Deixo claro, o que é mesmo a dor,
E quem sou eu, e quem é você?
Silêncio.