PRIMAVERA FABRICADA

Primavera! Ninguém percebeu tua chegada.

Teu nome doce foi trocado por “seca”;

Flores agora são de plástico, argamassa,

Cinicamente manipuladas

Por mãos insensíveis.

Os pássaros são grito preso

Entre telas de viveiros. Árvores açoitadas,

São mobília requintada,

Espetinho pra barão, derrubadas,

Pau de bater em “ladrão”;

Insanidade!... Bicho homem...

Quando vieres de novo

Lembra-te do meu apelo:

Traga amor aos corações,

O doce perfume do mato

Pro mercado de enlatados;

Seios às crianças mecânicas,

Flores, muitas flores

Para aliviar os odores

Apodrecidos das fábricas.

Troque o álcool, a maconha

Por um tronco bem provido,

Descanso por um tempo inteiro.

Mas ande rápido, amiga!

Antes que um cientista maluco

Mostre sua “inteligência”

Numa Primavera de barro e química

Que só virá a 30 de fevereiro.

Vivianna di Castro
Enviado por Vivianna di Castro em 03/10/2010
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