PRIMAVERA FABRICADA
Primavera! Ninguém percebeu tua chegada.
Teu nome doce foi trocado por “seca”;
Flores agora são de plástico, argamassa,
Cinicamente manipuladas
Por mãos insensíveis.
Os pássaros são grito preso
Entre telas de viveiros. Árvores açoitadas,
São mobília requintada,
Espetinho pra barão, derrubadas,
Pau de bater em “ladrão”;
Insanidade!... Bicho homem...
Quando vieres de novo
Lembra-te do meu apelo:
Traga amor aos corações,
O doce perfume do mato
Pro mercado de enlatados;
Seios às crianças mecânicas,
Flores, muitas flores
Para aliviar os odores
Apodrecidos das fábricas.
Troque o álcool, a maconha
Por um tronco bem provido,
Descanso por um tempo inteiro.
Mas ande rápido, amiga!
Antes que um cientista maluco
Mostre sua “inteligência”
Numa Primavera de barro e química
Que só virá a 30 de fevereiro.