Á tua ausência se fez morte
De nada adianta, não sou mais o mesmo.
Não há certezas incertas para me manter vivo.
Todos os amores que vivo são perfeitos
e só há plenitude na imperfeição.
Não tento mais mudar meu mundo
me acostumei com o que tenho.
Tenho tudo do que preciso
e mesmo assim estou vazio.
Ao meu redor há tantos
embora trocasse quantos forem
só para poder lhe dizer tudo.
E de tudo à tua ausência o fez nada.
Busco calma nos detalhes do que sonho
encontro verdades misturadas com vinho tinto.
Rubro, morno, lascivo, esta saudade
me mata, como veneno lento em doses homeopáticas.
No retrato tua foto se empalideceu
como meu corpo, que não faz outra coisa
que não se encher de sonoros "ais".
Não existe eu, sem que antes exista nós.
Na mesa, cigarros, aquele café frio
jornal de ontem, e saxofone ao fundo
Cheiro de sentimentos em decomposição.
Não sorrio mais , era simples mas esqueci.
Sem motivos, sem esperanças, sem metade
de mim. Vida sem graça, vida sem força, vida morta.
Mas permaneço sentindo, tentando, este é meu castigo,
Não há futuro, só lembranças efêmeras e sonhos já sepultados.