Á tua ausência se fez morte

De nada adianta, não sou mais o mesmo.

Não há certezas incertas para me manter vivo.

Todos os amores que vivo são perfeitos

e só há plenitude na imperfeição.

Não tento mais mudar meu mundo

me acostumei com o que tenho.

Tenho tudo do que preciso

e mesmo assim estou vazio.

Ao meu redor há tantos

embora trocasse quantos forem

só para poder lhe dizer tudo.

E de tudo à tua ausência o fez nada.

Busco calma nos detalhes do que sonho

encontro verdades misturadas com vinho tinto.

Rubro, morno, lascivo, esta saudade

me mata, como veneno lento em doses homeopáticas.

No retrato tua foto se empalideceu

como meu corpo, que não faz outra coisa

que não se encher de sonoros "ais".

Não existe eu, sem que antes exista nós.

Na mesa, cigarros, aquele café frio

jornal de ontem, e saxofone ao fundo

Cheiro de sentimentos em decomposição.

Não sorrio mais , era simples mas esqueci.

Sem motivos, sem esperanças, sem metade

de mim. Vida sem graça, vida sem força, vida morta.

Mas permaneço sentindo, tentando, este é meu castigo,

Não há futuro, só lembranças efêmeras e sonhos já sepultados.

Affonso Santos
Enviado por Affonso Santos em 02/10/2010
Código do texto: T2534344
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