ele me viu!

ele me viu!

num instante,

meu mundo desmoronou

feito castelo de cartas.

não que eu seja frágil,

mas aquele olhar frio

surgiu diante de mim como um estalo

e me desmascarou

largando à flor da pele meu eu indiferente.

minhas pernas perderam o jogo

além de ficarem estáticas,

ainda se puseram a estremecer.

eu,

sem saber se corria ou se caia

me fiz órfão de fé

por perceber tamanha queda;

me vi jogado no chão da sala

ainda extasiado pelo meu egoísmo.

ele me viu, e eu saí.

larguei ele ali,

debaixo da sacada da casa velha,

tentando se desviar das gotas largas

que caíam de um céu de luto.